terça-feira, 9 de junho de 2009

Recordações


Acordei com o corpo tão mole, o frio aqui dentro, a chuva lá fora e minha cama me abraçando pedindo para que eu não saia dela e continue agarrada a meus 'trocentos' travesseiros. Decidi não sair de casa, não ligar a televisão nem o computador e atender apenas ao telefone fixo, cujo número está na agenda de poucos privilegidos. Celular desligado, trilha sonora basicamente Fafá e Alcione percebi que há muito eu não curto a minha casinha, meu quarto...

Reli trechos de livros que não tocava desde o colegial: Cecilia Meirelles, Nelson Rodrigues, Rimbau, Hesse... Revi fotos da época em que todos usavam calças baggy, ombreiras e asa-deltas achando que eram descolados. Amigos que nem conseguia mais identificar, outros que hoje estão mais esticados do que quando tinham dezoito anos. Alguns cartões de amores que já se foram e que quando acabaram eu achava que ia morrer, cartas de amor eternas, pequenas lembranças e postais de viagens de lugares que nem sequer lembrava ter ido.
Adereços de duas décadas atrás me fizeram lembrar que usávamos tanto cítrico (amarelo, verde limão, rosa shocking) que se ainda fosse moda na época do apagão daria para iluminar o Imbuí por três horas. No fundo de um baú achei uma pequena caixa de prata fechada,toda trabalhada, com detalhes de flores, hermeticamente fechada, parecia um porta jóias. Seria uma lembrança de algum casamento ou festa de debutante? Não me recordava desta caixinha e coloquei a memória para funcionar mas nada me fazia recordar de onde vinha tal mimo. Foi quando resolvi abrir a dita cuja e já se passavam trinta minutos nesta tentativa e bem na hora em que a Marrom gritava pela última vez o refrão de "ou ela ou eu" consegui ter acesso àquilo que foi a minha melhor lembrança da adolescência...

Tomei um banho, vesti uma roupa, saí do quarto, desliguei o som, liguei a TV e sentei no computador e agora escrevo este texto ao tempo em que agradeço aos meus sobrinhos por esconderem em minhas coisas o melhor baseado que fumei em anos! E ainda nem é meio dia...

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